Procurando algum texto desgarrado para passar o tempo? Talvez vc encontre aqui algo que interesse. Encontro os textos perdidos por aí, às vezes em algo do dia a dia, em alguma fala, na minha mente tresloucada, e reúno aqui para vc levar para casa.
segunda-feira, novembro 13, 2006
Pensamentos desencontrados - A Revanche!
"Admito que sou gay quando se trata da namorada de um amigo. Porque namorada de amigo meu é homem!"
sexta-feira, novembro 10, 2006
Pensamentos desencontrados - A Ressurreição!
Nova versão da música "Vamos pular" (cantem no mesmo ritmo e melodia - pelo menos eu acho!):
Dó (13x)
Ré (13x)
Mi (11x)
Fá (8x)
Sol (5x)
"Vamo pru" Lá (4x)
"Vamo pru" Lá (4x)
Lá (13x)
Si (13x)
Dó (11x)
Ré (8x)
Mi (5x)
"Vamo pru" Fá (4x)
"Vamo pru" Fá (4x)
Fá (13x)
...
domingo, setembro 24, 2006
Paternostro
Paternostro, que está na ECO, maldito seja o seu nome, afaste de nós a sua matéria, NÃO seja feita a sua vontade.
Assim no binário como no hexadecimal, o entendimento nosso de cada dia nos dê hoje.
Perdoe a nossa ignorância, assim como nós perdoamos a sua falta de didática. E não nos deixe cair em reprovação, mas livre-nos do mal.
41 6D 2C 65 6D 2E oops! Amém.
sexta-feira, setembro 01, 2006
"Seja o que Deus quiser..."
domingo, julho 30, 2006
Desafio
Façam suas apostas nos comentários!
domingo, julho 23, 2006
Pensamentos desencontrados - [Sugestão de título?]
Pensamentos desencontrados - A Vingança!
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Pensamentos desencontrados - A Missão!
O verdadeiro Murphy, até hoje, não recebeu o prestígio que lhe é devido por causa de suas Leis tão famosas mundo inteiro. O verdadeiro Murphy ainda tem Leis que não são difundidas, mas que são de importância capital, dentre elas estas duas:
- Todo produto químico tomado imprudentemente gera uma nova personalidade indesejável
- Cuidar muito de animais pode levar o veterinário a ouvir constantemente vozes deles
Decepcionado com seu ostracismo, o verdadeiro Murphy resolveu se dedicar à vida de ator, o que faz até hoje escondido sob um disfarce.
Reparem bem que alguns filmes têm Leis suas inseridas...
segunda-feira, julho 17, 2006
Pensamentos desencontrados - O Retorno!
"Vai ter Hezbollah"
quinta-feira, julho 13, 2006
...
segunda-feira, julho 10, 2006
Mandarins, gaviões e borboletas
Com esse marido, ao contrário de com o anterior, Nicoll se deu muito bem, ambos ariscos e agitados. Além do mais, Nil lembra Zento (lembram-se dele, do texto "Sem noção"? Claro que não, né?), adora rasgar jornal para colocar no ninho e "pimbar" (nosso dialeto para "acasalar", "namorar"), ainda que ele e Nicoll adorem matar filhotes, e tem o canto parecido com o de Joe, seu vizinho. Notícia fresquinha para os senhores, visto que só se passaram 1 ano e 1 mês que Nil está conosco!
Tudo ia bem, até o dia derradeiro... Como meu pai sempre faz, ele tinha colocado os "meninos" (passarinhos) na sala, para verem a paisagem e para tomarem sol: as 2 gaiolas dos mandarins no parapeito da janela e o viveiro dos calafates em frente a esta. Enquanto isso, eu estava no computador, querendo saber se o Corel Draw estava instalado, devido ao Laboratório que fazia na faculdade (no período que acabei de terminar, o 2º). Assim, chamei meu pai, que se encontrava na sala, para tirar a dúvida. Quando estávamos vendo isso, no quarto da minha irmã, escutamos os Bicões (como chamamos os calafates, Bicão e Biquinha) fazendo barulho, seu "pic pic" costumeiro, só que mais frenético, mas pensamos que fosse só alguma palhaçada que eles faziam de vez quando e não demos bola.
Porém, depois de um tempo, meu pai resolveu ir ver o que era. Quando chegou na sala - depois ele me contou - ele viu algo grande voando de cima das gaiolas dos mandarins. Olhando para o céu, lá estava um gavião. E, dentro de uma das gaiolas, Joe estava morto. A princípio, meu pai pensou que ele tivesse morrido de susto, mas, depois, viu que faltava um pedaço do corpo, mais especificamente a cabeça... Ainda bem que eu não vi, deve ter sido horrível; meu pai até contou pra minha irmã e pra minha mãe a primeira versão, para não chocar.
Nessa época, eu estava meio depressivo e fiquei pensando que tinha sido minha culpa o Joe ter sido atacado. Eu tinha feito besteira ao escolher o Laboratório (caíra num que não queria) e, por causa dele, tinha que instalar o tal Corel Draw. Assim, chamara meu pai, que, se estivesse na sala na hora, teria evitado a tragédia, já que o gavião não faria nada com um humano por perto. Fiquei pensando em mil e uma coisas, como no (ótimo) filme "Efeito Borboleta", em que pequenos detalhes geram um grande acontecimento, o bater de asas de uma borboleta que gera um furacão. Claro que depois vi ser tudo bobagem da minha mente, pois a vida toda é fruto desse tipo de coisa e não havia razão de eu ser culpado por nada.
Jana ficou, então, por muito tempo, sozinha. Isso porque não havia mandarim para comprar – o único disponível era careca e caolho – e porque não queríamos arriscar comprar um, que iria querer "namorar" e podia prejudicar Jana, que já tinha problema numa das patas, sem dedos (para quem não sabe, o acasalamento é feito com o macho subindo na fêmea). Contudo, chegou o dia em que surgiu um macho e ele veio pra casa. É o oposto de Joe: grande, gordo e com voz de grossa, e, como naturalmente, imitou o canto de Nil. O problema era esse: Jana sempre gostara de Joe, o seu oposto, e ainda o vira ser assassinado na sua frente.
Jana e Carlinhos (ou Charlie, nome dado a muito custo) não pararam de brigar um minuto, foi preciso fazer um ninho novo pra eles domirem separados, mas, depois de muito tempo, eles se conciliaram. Dá para perceber que não é a mesma coisa que com Joe, ainda brigam de vez em quando, mas está bem melhor. Jana soube se defender e não deixou ele vir com segundas intenções para cima dela - literalmente.
sexta-feira, julho 07, 2006
Acidente de desenho animado
- Um banheiro minúsculo
- Uma lâmpada que demora a acender
- Um rodo
Obs: uma pessoa alta e de óculos é requerida para preparar esta receita
Modo de preparar:
Aperte o interruptor da luz. Já sabendo que ela demora a acender, adiante-se para dentro do banheiro, se abaixando um pouco para levantar a tampa do vaso. Ainda na escuridão, pise na “base” do rodo, que está apoiado na parede. Deixe que o cabo deste siga direto em direção a sua cara. O baque deve produzir um repentino clarão e entortar ainda mais os óculos.
Rendimento: incontáveis porções de idiotice.
quarta-feira, julho 05, 2006
Torneira na cabeça
Vejamos: a primeira que eu descobri eu nem sabia que tinha, mas com o tempo ela se desenvolveu e aflorou destacadamente (ninguém pode dizer que não sabe de sua existência). Ela foi descoberta nos livros do Sítio do Picapau Amarelo, de Monteiro Lobato, pois uma das personagens também a tem: é a torneirinha de asneiras. Quanta infâmia, quanta besteira eu já falei na minha vida, principalmente desde o início de meu Ensino Médio, quem me conhece sabe que não deve ter sido pouca.
A segunda deve ser genética e descobri com o livro "A casa da madrinha", da Lygia Bojunga Nunes. Eu adoro os livros dela e devo ter sido o único aluno do Pedro II que gostei desse livro; não sei qual o preconceito. Na história, há um pavão que passou por uma operação, em cuja cabeça foi colocada uma torneira para controlar seus pensamentos, de acordo com a intensidade do fluxo. Por isso, ele tinha pensamento pingado (é, a história era assim, surreal). Não podia haver algo mais parecido comigo, com minha lerdeza.
Na verdade, não sei se são duas torneiras, ou apenas uma, multifuncional, mas que elas existem, existem.
Acredite se quiser!
terça-feira, julho 04, 2006
Copa do Mundo 2006
quinta-feira, junho 22, 2006
Pensamentos desencontrados
Hitler nasceu em 20/04 - por sinal, minha mãe também, porque a parteira não queria que ela nascesse no mesmo dia que Getúlio Vargas (19/04), por não gostar dele, mas a situação foi ainda pior.
Logo, o ditador (me refiro ao primeiro) é do signo de Áries.
Por isso que, para Hitler, a raça superior se chamava ariana?
P.S.: Que falta do que fazer... Ou não!
sábado, junho 17, 2006
Ó, Suzana (nova versão)
domingo, maio 07, 2006
Paixão aprisionada
O carcereiro pega seu molho de chaves e, com o prato seguro na outra mão, abre a cela. A comida é colocada de qualquer jeito no chão de concreto e a porta é novamente trancada. Ouvindo os passos do carcereiro ressoarem à distância, o presidiário pega com avidez o prato e leva a colher à boca repetidamente, sofregamente, em uma velocidade surpreendente.
Largando o prato no chão, ele limpa sua longa barba desgrenhada com as costas da mão e emite um sonoro arroto. Tudo bem que a comida era uma porcaria, mas que diferença fazia isso agora? Esperando ainda um pequeno tempo, ele resolve que já está na hora. Apoiando-se na balaustrada da cama miserável, o velho enfia, num rompante, o dedo indicador na goela. O vômito é lançado a seus pés e ele desaba de joelhos, quase em cima da imundície.
Os sons chamam a atenção do carcereiro, que surge à porta e vê o homem ajoelhado, tiritando, uma poça a sua frente.
- Mas que diabos está acontecendo, cara? Vem aqui!
Com um braço apoiando-o, o guarda leva o cambaleante presidiário para um pequeno quarto, ao mesmo tempo em que brada por seu companheiro. Depois de acomodarem mal e mal o preso, os carcereiros decidem limpar-lhe os resquícios do vômito e aquecê-lo com um cobertor. Quando estão contactando um médico, vêem, aliviados, o doente adormecer. Apesar disso, um deles fica de guarda à porta fechada do quarto, enquanto outro vai vigiar os demais delinqüentes.
Dentro do cômodo, o presidiário abre os olhos lentamente. Perscrutando o ambiente, ele se certifica de que está sozinho e se levanta, se livrando do cobertor, que já o fazia suar. Sem o mínimo sinal de debilidade, anda com decisão para perto da janela e começa a trabalhar. Como as instalações ali são precárias e não são fiscalizadas há muito tempo, não havia problema algum em forçar uma passagem. É preciso menos de um minuto para escancarar a janela e pular para fora.
Correndo em desabalada carreira, ele escala o muro e cai do outro lado, rolando pela calçada. Logo se levanta e continua correndo pelas ruas, como se ainda estivesse na flor da idade. Raimundo não iria esperar que o médico chegasse e os carcereiros se dessem conta de sua burrice. Burrice, sim, ainda que eles estivessem há apenas duas semanas naquela prisão, pois a rotatividade no cargo era grande. E o presidiário se valeu disso para enganar mais uma vez a lei. O delegado, que já estava há um bom tempo trabalhando ali, não era muito de aparecer e nem devia se importar com suas fugas.
Agora seu objetivo está bem próximo. Já podia avistá-lo, grandioso, pessoas e mais pessoas a sua volta, um coro de vozes reboando, o êxtase alimentando sua agilidade. Raimundo já sabe para onde deve se dirigir. Embrenhando-se na multidão para despistar seus perseguidores, mas depois se afastando dela, ele chega a um recanto abandonado. Olhando ao redor, o presidiário se aproveita de sua magreza e se espreme por entre as grades. Ainda que saiba o caminho a seguir, Raimundo tem toda a precaução do mundo e espera ansiosamente.
Depois do que parece uma eternidade, um homem atarracado aparece no terreno e abre um sorriso. Os dois se abraçam e querem saber como o outro está, mas isso não demora e logo ambos estão andando por um caminho estreito, em silêncio. Chegam a uma porta depois de certo tempo e Raimundo não consegue se controlar. Passando à frente de seu amigo, ele ultrapassa o portal e se vê em meio à multidão novamente. A porta bate às suas costas e o presidiário, ao olhar para baixo, percebe que chegara no momento glorioso.
O coro à sua volta aumenta mais ainda quando surgem de uma escada vinte e dois homens, acompanhados de crianças, quase todos vestindo a mesma camisa que Raimundo tem no corpo, camisa essa da qual ele se separaria só quando morresse, ainda que estivesse bem gasta e suja. Olhando para os milhares de pessoas aglomeradas naquele grande estádio que era o Maracanã, para a multidão vibrante e multicolorida, ele sente uma paz maravilhosa.
Mas uma paz que não iria durar muito tempo. Logo se inicia um dos jogos mais aguardados pelo presidiário, a final do Estadual entre Flamengo e Fluminense, e Raimundo passa a ser o torcedor que mais sofre, que mais cobra, que não tira os olhos da bolinha que rola e salta de um lado para outro do campo. O espetáculo o hipnotiza e o leva às lágrimas quando seu time, mesmo sob pressão do adversário, abre o placar aos 15 minutos. Raimundo pula mais que todos os outros torcedores, gritando como um alucinado, abraçando todo mundo.
Mas o jogo se mantém equilibrado, os dois times atacando e contra-atacando. O intervalo entre os tempos chega e, só aí, o detento resolve verificar se algum policial está vindo em seu encalço, se ele corre perigo. Porém, tudo parece tranqüilo, como sempre.
O segundo tempo começa e a alegria de Raimundo não dura muito, pois o Fluminense empata em jogada espetacular, calando o presidiário e a torcida ao seu redor. Ainda haveria várias jogadas de tirar o fôlego, bolas na trave e até brigas que resultariam em expulsões para os dois lados, mas nada de gol. Com as unhas bastante roídas, o velho torcedor vê, sem acreditar, o juiz concluir o jogo, levando-o para os pênaltis.
Raimundo se senta e fecha os olhos, sem querer olhar as angustiantes cobranças. Sabendo que o Flamengo iria começar, ele adivinha os acontecimentos pelas reações dos torcedores. Vibra intimamente com os acertos de seu time e os erros do outro, até que não agüenta mais ficar sem ver. Abre os olhos e aguarda a cobrança do Flamengo, que pode garantir o título. Apesar de ser ateu, ele pede a Deus que o jogador acerte.
O atleta corre para a bola e chuta. O goleiro se joga e espalma a bola. Enquanto ele comemora, Raimundo se desespera. Contudo, o inimaginável acontece: a bola faz uma curva e, espetacularmente, sem que o goleiro tenha tempo de reagir, adentra o gol.
O presidiário não se contém e grita tresloucado. Pleno de alegria, ele corre por entre a multidão e sai do estádio, pulando e cantando o hino do Flamengo com toda a força. Agora que seu sonho se realizara, agora que conseguira ver seu tão amado time, ainda mais sendo campeão, ele podia voltar em paz para a prisão, pois estava satisfeito.
quinta-feira, março 30, 2006
"Diga-me com quem conversas e eu te direi quem és"
"Se rir fosse bom, hiena não comia carniça" (Hilário V. B. Cumaddig)
quinta-feira, março 23, 2006
...munMUNmundoDOdo...
A história é muito interessante e tem muito a ver com ele: conta sobre um garoto que, gostando muito de ler, resolveu andar perto de casa, até o dentista, lendo um livro, não se preocupando com o resto ao redor. Seu livro trata de um menino apreciador da leitura, que não larga o livro um minuto, até quando anda pelas ruas num tremendo frio.
Mas Nudmo não pôde saber do assunto do livro do garoto que estava na história do livro do menino, cuja história era contada no livro de Nudmo. Dessa vez o esbarrão é mais forte e o menino leitor cai no chão, só vendo que dois homens correm pela praça a sua frente, levando o livro. Nudmo esquece-se completamente do dentista e, aficionado pela história misteriosa, corre em desabalada carreira atrás dos ladrões.
O garoto vê os dois desaparecerem ao dobrarem a esquina e, aflito, aumenta a velocidade, sentindo o vento gelado fustigar seu corpo. Na rua seguinte, ele avista um vendedor de rua anunciando promoções e, de relance, vê a capa de seu livro. Rapidamente, ele pára e, com sua mesada, compra-o. Agora Nudmo não precisa mais se preocupar. Só precisa reiniciar de onde parara.
O livro do segundo menino diz ser sobre um menino que adora ler... mas era a mesma coisa! Achando que a seqüência interminável ocuparia o livro todo, Nudmo se espanta ao ler que o menino do livro não conseguira ler o resto porque fora derrubado e roubado. Mas, sem se importar com os compromissos, o garoto perseguiu os delinqüentes até dar de cara, por acaso, com o livro desejado.
Nudmo já está zonzo com aquilo tudo. Ele segue mais no livro e percebe que teria de interrogar o vendedor acerca dos bandidos. Só um teste, pois a resposta já está estampada nas páginas do livro.
- Viu dois homens correndo com um livro na mão?
- É claro, foram para lá. - ele aponta uma porta estreita numa casa verde ali perto - Roubaram você?
Nudmo nem responde, espantado que está com os fatos iguais, assim como acontecia com o menino do livro, ao ler seu próprio livro. Será que o livro teria sua vida toda? Mas ele é bem pequeno. Então iria até que parte? Ele resolve não olhar mais à frente, deixando a curiosidade de lado; não quer saber do futuro próximo. Quem sabe ele não morreria daqui a pouco? "Estou ficando maluco!", pensa o garoto, adentrando a casa verde com o livro na mão, marcado na parte em que parara.
Agora ele se encontra num hospício. Nudmo está assustado diante dos homens e mulheres que o fitam com olhares débeis e que agem de modo estranho. Um dos enfermeiros surge, saindo de um quarto, com o livro de Nudmo nas mãos. Mas ele não é um dos ladrões. O menino corre para o enfermeiro, mas é barrado por outro no corredor.
- O que você está fazendo aqui? Os loucos já te deram esse maldito livro? Muitos deles vieram parar aqui por causa dele. Largue isso! Não leia!
Ele arranca o livro da mão de Nudmo e se afasta, decidido. Estarrecido, o garoto só consegue olhar para o lado, para dentro do quarto ao lado, cuja porta está aberta. Lá dentro, estão os bandidos que Nudmo perseguia, mas com camisas-de-força. Ou haviam lido o livro ou queriam continuar a lê-lo, depois de loucos.
"Puxa, será que isso é verdade? Um mero livro não vai fundir a cabeça de ninguém!" Um paciente se aproxima e lhe estende furtivamente outro exemplar do livro que o enfermeiro levou embora. Dizendo "com os cumprimentos de Napoleão", o maluco se distancia.
A curiosidade é mais forte e Nudmo folheia o livro até a parte em que o vendedor respondia a sua pergunta. Depois disso, os acontecimentos se repetiam detalhadamente. O menino já está assustado, imaginando se ele mesmo não estaria na verdade num livro, uma vida inventada por outros. Da mesma forma que o menino do livro agia.
A história continua depois com a reaparição do enfermeiro, repreendendo Nudmo e dizendo:
- Garoto, você está ficando maluco! Esse livro está te prendendo, não percebe? Ele não vai te revelar nada! Me dê ele aqui. É sério!
Parecia a Nudmo que ele ouvia um eco da fala do livro. Pensando que a maluquice já está agindo, o menino levanta a cabeça e dá de cara com o mesmo enfermeiro que lhe confiscou o livro. Ele volta a olhar para o livro e vira a página, ávido por saber do resto. Mas só há uma folha em branco, sem nenhuma letra. O que aquilo quer dizer?
segunda-feira, março 20, 2006
Econotícias - 1ª edição
sexta-feira, março 17, 2006
“Um corpo na gaiola" II
Mas você deve estar pensando: qual será o assunto? Passarinhos assassinos? Bichos de estimação interesseiros? Ou, ainda, conflitos familiares por um nome? Bem, realmente esses seriam assuntos muito interessantes, mas não é nada tão edificante assim. Prefiro falar de histórias do mesmo gênero que a que contei: histórias policiais.
Desde que me entendo por gente, gosto de ler. Influenciado pela minha mãe - é difícil achar algum familiar próximo que goste de ler mesmo, além dela - fui cultivando meu gosto pela leitura e descobrindo um prazer que muitíssimas pessoas não enxergam - o que é uma pena. Com o tempo, fui filtrando meu gosto, percebendo os meus maiores prazeres dentro daquele prazer. Além de livros de aventura e fantasia, com certeza um dos meus "subprazeres", o principal é o gênero policial. Bem junto a ele, lá também estão histórias de suspense, mistério, não necessariamente policiais.
Estive perscrutando minha mente, à procura de uma possível origem, de um provável incentivo inicial para minha preferência. Minha memória não me ajuda muito, mas dessa vez consegui lembrar de indícios muito importantes. Na 5ª série, um dos livros paradidáticos chamava-se "O gênio do crime", do autor J. C. Marinho Silva. Era a história de um grupo de meninos, Edmundo, Pituca, Bolachão e Berenice, que investigavam a identidade do personagem-título, juntamente com o detetive inglês Mister, passando pelo rapto de Bolachão pelo criminoso. É um livro muito lembrado pelos ex-alunos do Pedro II que o leram, como eu. Mas é claro que todos esses detalhes só foram reavivados quando desencavei o livrinho do meu armário.
Mas mais importante ainda é a biblioteca pública de que sou sócio desde 96. Começando naturalmente pela seção infanto-juvenil, encontrei livros de mistério como os de Stella Carr, Marcos Rey (Coleção Vaga-lume!) e Pedro Bandeira - os tão conhecidos livros do grupo dos Karas, formado por Magrí, Calú, Chumbinho, Miguel e Crânio, com o Código Vermelho, o Tênis Polar, num total de cinco livros (e dizem que o sexto vem por aí!). Nessa biblioteca, estava minha iniciação aos policiais, complementando a biblioteca do Sesc, aonde comecei a ir ainda pequeno. Felizmente, depois de algumas mudanças, moro bem pertinho da biblioteca pública e a freqüento sempre.
E o que dizer de "O caso dos dez negrinhos", da Agatha Christie? Para mim, o melhor livro da autora, com uma trama engenhosa, sem precisar de detetives para sustentá-la. Li também outros dela que tenho aqui em casa - livros da minha mãe - mas foi esse livro, principalmente, que me levou a policiais mais "adultos" - apesar de quase ter desistido de ler Agatha Christie devido ao final de "Assassinato no Expresso do Oriente".
Os casos de Hercule Poirot, Miss Marple e Tommy e Tuppence me levaram aos de Sherlock Holmes e Watson, o que é elementar. Cheguei às aventuras do ladrão de casaca Arsène Lupin, do autor Maurice Leblanc, agora levado por um grande amigo meu, também apreciador de policiais - esses livros são muito antigos, mas, pelo menos na minha querida biblioteca, achei vários deles; não há só em sebos.
Na feira de livros na praça perto de casa, descobri um autor pouco divulgado por aqui: James Patterson. É difícil achá-lo em português em livrarias e em bibliotecas, sendo que geralmente são os mesmos poucos livros, apesar de existirem muitos livros publicados. Só fui tomar conhecimento dele por um filme, que na Net quase não passa: "Na teia da aranha". Comprei o livro em que foi baseado - como de praxe, muito melhor que o filme - e, depois, não pude deixar de levar outros dois: "O beijo da morte" - que também virou filme - e "Caçada ao predador", os três com o detetive Alex Cross, além de ler "Esconde-esconde".
Que eu me lembre agora, esses são os meus principais conhecidos de leitura, e já estou me familiarizando agora com Hieronymus (Harry) Bosch, do autor Michael Connelly, que eu já estava para ler há um tempão, mas que não encontrava. Em breve, encontrarei Marlowe, de Raymond Chandler, e Spinoza, de Garcia-Roza, além do suspense de Koontz, que estão à espera de minha aprovação.
E, assim, vou seguindo lendo e conhecendo cada vez mais personagens únicos e autores ímpares, ou apenas simples personagens e simples autores, não me esquecendo de assistir também a filmes policiais, de suspense, de mistério, mas que não ultrapassam minha preferência pelos livros do gênero.
Sim, já estou para acabar. Se você conseguiu chegar até aqui é porque também tem um certo gosto por esse tipo de literatura, pois senão acho que não agüentaria ler tudo. Além do mais, em que a minha vida lhe interessa? Mas o suspense e o mistério sempre interessam a muita gente, com seu clima de surpresas e truques, de revelações e tramas bem urdidas. Mas isso nem sempre é o bastante para atrair de verdade pessoas para a leitura, ainda mais com diversos fatores negativos atrapalhando, como falta de incentivo e de bibliotecas, entre outros.
Porém, fico feliz que também haja gente que cultive esse gosto e que lerá tudo até a última linha. A linha onde sempre ficará um jogo de palavras ou letras, exceto nos dias de história. Dessa vez, o que surge é um pangrama, trecho curto que contém todas as letras do alfabeto, em inglês:
quinta-feira, março 16, 2006
"Um corpo na gaiola"
Desconfiei da esposa do falecido, Nicoll, uma linda mandarim parda, que brigara muitas vezes com o marido e dava muita bola para o macho vizinho, Joe. Numa daquelas brigas, ela poderia ter machucado "Rabudinho", o esposo, só para ficar com o outro. Olhei prontamente para ela, procurando vestígios de sangue, mas nada vi. Era pouco provável que ela conseguisse fugir de uma gaiola para outra, ainda tendo que brigar com a outra fêmea, Janaína. A não ser que tivesse um plano engenhoso em mente.
Resolvi chamar um médico para me informar melhor e, quando telefonava, minha irmã chegou. Tive de informá-la da má notícia, dizer-lhe que o pássaro durara pouco mais que um mês e meio. Triste, ela retirou cuidadosamente o corpo da gaiola e, juntos, analisamos. Logo vimos como ele morrera: o bico por dentro estava todo sujo de sangue, logo ele cuspira sangue por causa de hemorragia. Daí a grande quantidade de sangue junto ao bico. Mas por que isso acontecera? E como o sangue fora parar no pote, junto à base, justamente do lado oposto para onde o bico estava virado?
De repente, a campainha tocou. Quem seria? Abri-a de chofre e dei de cara com o médico, acompanhado por dois tiras. Ele encarregou-se de explicar que achara melhor chamarem policiais para investigar. Assenti e deixei-os entrarem. Os três foram para a sala, onde minha irmã colocara o corpo num papel-toalha, em cima de um móvel. A luz batia próximo ao morto, incidindo também nas "meninas" - dessa vez, são as nossas jabotas - que tomavam banho de sol. Nessa cena pitoresca, o médico-legista analisou o corpo detidamente e confirmou nossa hipótese, além de supor que o pássaro morrera há pouco tempo, entre uma hora e duas horas atrás. Mesmo assim, ainda iria fazer uma autópsia para tirar qualquer dúvida.
Agora era a vez de olhar a cena do crime. O médico e os policiais criticaram minha irmã por não deixar o corpo do jeito que estava, ainda mais que ela não usara luvas, estragando possíveis digitais. Ela colocou o corpo de volta ao seu lugar, e nossas suposições continuaram a ser confirmadas, mas o sangue do pote, por enquanto, continuava indecifrável.
Os policiais chamaram a mim e a minha irmã para nos fazerem perguntas. Afastados das gaiolas, nos revelaram que Nicoll era a principal suspeita, ainda mais que era muito parecida com a famosa assassina procurada pela lei, apelidada de Viuvinha-negra. Olhei espantado para Nicoll, que me lançou um olhar indiferente. Os tiras a interrogaram e tiraram suas digitais para comparar com as da assassina. Todos os outros pássaros, inclusive os calafates que vivem no viveiro em baixo, deram depoimentos, mas não se chegou a nada: eles estavam tomando banho ou comendo ou fazendo cafuné um no outro, em suas vidas atarefadas e estressantes. Até as meninas depuseram, mas elas alegaram que tinham uma visão muito ruim, além de nem terem orelhas.
Desanimados, os três foram embora, prometendo ligar para dar notícias, e deixaram um telefone de contato. Ficamos em casa sem fazer nada, encucados com aquilo tudo, enquanto os passarinhos ficaram torrando nosso saco, pedindo recompensas por responderem perguntas tão enfadonhas, querendo que trocassem a água da banheira ou dessem arrozinho ou vitamina. As jabotas resolveram repetir a tática e começaram a pedir peixe. Irritado, coloquei-as na cozinha e tranquei a porta, enquanto nos refugiávamos na sala.
Nessa hora, foi a vez de meu pai chegar, depois de andar de bicicleta. Espantado, ele foi bombardeado por informações que começamos a dar sobre a morte de "Rabudinho", que meu pai cismava de chamar de Zento; o pássaro novo não recebera um nome fixo, por não entrarmos em consenso, e acabara morrendo assim. Nosso pai observou a gaiola, intrigado, sem entender o que acontecera.
Depois de muita reflexão, ele entendeu tudo - ou pensava que tinha entendido - quando o telefone tocou. Era um dos tiras, dando o resultado da autópsia e fornecendo as hipóteses. Meu pai conversou com ele e confirmou tudo: o passarinho morrera por causa de um fio de náilon do ninho, que ele gostava de ficar puxando. O fio acabou machucando-o e assim ele morreu. Já sabendo que Nicoll não era a Viuvinha-negra, o tira chamou nosso pai para depor.
Porém, ele não voltou da delegacia. Liguei para lá e descobri que ele fora preso por homicídio doloso, pois comprara aquele ninho e, mesmo sabendo do fio, não fez nada para tirá-lo. Com raiva, fomos para o lugar onde ele estava temporariamente encarcerado e, lá, começamos a discutir com os policiais, argumentando. Os tiras nos acalmaram, dizendo que logo, logo meu pai iria sair da cela, pois ninguém ficava muito tempo na prisão.
Ainda com raiva, saímos da delegacia e fomos para casa. Eu ainda estava desconfiado da Nicoll, mas não tinha provas. Zento, o verdadeiro, o pseudo-imortal, sempre vivera bem até Nicoll chegar e acabara morrendo, talvez por causa do amante Joe. E agora, o substituto dele, "Rabudinho", morrera. Muita coincidência. Para mim, não importava: continuaria a chamá-la de Viuvinha-negra.
quinta-feira, março 09, 2006
Sou todo olvidos
Durante esse ínterim, meus 435 não-leitores ficaram preocupados comigo e também interessados por palíndromos, anagramas e afins, depois do post "Palavras". Fui bombardeado pelos pedidos deles, principalmente do meu xará Gabriel Gusmão, da minha admiradora Thayllanny Nayara, e da minha jabota heroína, Super Gorda. Mas quem me convenceu mesmo foi meu grande amigo Hilário. Pois, a partir de hoje, ao final dos posts, colocarei tais "jogos" de palavras. Sei que vocês não vão adorar muito.
E agora... do que eu ia falar mesmo? Ah, sim! Sobre a minha ótima memória. Sem sombra de dúvida, a frase que mais falo é "Ih, esqueci!". Se é que não olvidei de alguma outra – vou ser obrigado a usar palavras alternativas. O esquecimento começa pelos objetos: já perdi mais de um guarda-chuva, botando minha mãe fora do sério, além de esquecer coisas variadas em diversos lugares, como material escolar, casaco, até o celular. Sorte que eu conto com a sorte, senão teria que ser gasta uma dinheirama. Sempre procuro colocar os objetos os mais próximos possíveis de mim, evitando, por exemplo, colocar o guarda-chuva para secar num canto. Ainda bem que eu sinto falta dos meus óculos, senão eu perigava perdê-los.
Mas é claro que meu esquecimento não se resume a meros objetos. Acho que o pior é o que tem que guardar na mente, o que não deixa de estar ligado com o fato de lembrar que o objeto tem que voltar para casa, e não ficar abandonado ou ter um novo dono. É muito perigoso falarem para mim: "Me lembra de tal coisa?". Não confiem na minha memória atrofiada, eu aconselho de pronto. Lembrar de fazer algo ou de algum fato ou de quando aconteceu certa coisa: não contem comigo para isso. Só quando é algo bem marcante, que fica incrustado na minha mente, ainda que não tenha um motivo certo, ainda que seja uma lembrança totalmente desimportante; de qualquer jeito, tem que estar gravado mesmo.
O problema é que isso tudo não é um problema só meu. Claro que eu sou ruim mesmo, mas milhares de pessoas têm, atualmente, um sério problema de memorizar as coisas. Em parte pelo estresse, em parte pela avalanche de informações, dados, palavras e mais palavras invadindo nossa mente, entrando na minha mente já não tão eficiente. O jeito é filtrar tudo, pegar uma Penseira - leitores de Harry Potter sabem do que estou falando - e tacar fora tudo de porcaria ou de pouco importante, ou pelo menos esvaziar um pouco o cérebro.
Sempre exercitar a memória é muito bom, tanto em palavras cruzadas e demais jogos próprios para isso - como o velho joguinho com cartelas e pares de desenhos iguais - quanto em exercícios que você mesmo pode criar para malhar o cérebro – não é só tórax, bíceps e todo o resto propalado pelos fisioculturistas. Bem, todos os diversos métodos de ajudar a memória já foram muito divulgados pela mídia e muita gente já conhece vários, mas não põe em prática. Como já devem ter deduzido, eu também não sou adepto de jogos de memória, apesar de até gostar deles, palavras cruzadas em especial.
Tenho que me preocupar é com o passar dos anos. A tendência é que minha memória vá piorando, à medida que a preocupação, o estresse, as informações vão aumentando. Vou chegar num ponto em que não vou saber nem quem sou, de onde vim, para onde vou. Aliás, isso ninguém sabe. Acho que vou ter de contratar lembradores para mim ou gastar pilhas de papel com lembretes; fitas presas nos dedos e Lembrol não servem para droga nenhuma.
Ufa, escrevi demais! Agora é deixar o meu "joguinho" - hoje um palíndromo - e ir-me embora. Desde agora, farei isso sempre. Se eu não esquecer, é claro.
"Socorram-me, subi no ônibus em Marrocos!"
sexta-feira, março 03, 2006
ADIV
segunda-feira, fevereiro 20, 2006
Palavras
"A seca luz azul acesa."
"O Tempo perguntou pro Tempo quanto tempo o Tempo tem. O Tempo respondeu pro Tempo que o Tempo tem tanto tempo quanto o tempo que o Tempo tem."
Esses são alguns exemplos de coisas que adoro. A primeira frase, que inventei - como se perde tempo, não? - lida com trocadilhos, expressões de mesmo som reunidas na mesma frase. As pessoas que me conhecem sabem como adoro fazer piadas com trocadilho, o que muita gente já não agüenta mais (já até prevêem o que vou falar). Adoro pegar palavras iguais e com sentidos diferentes e lançar no ar.
Já na segunda, também de minha autoria, encontra-se um palíndromo, palavrão que significa: palavra que lida de frente pra trás e ao contrário são a mesma coisa. Experimente ler a segunda frase de trás para frente, não levando em consideração os espaços e a união originais das letras. Palíndromos existem em diversas línguas e são outra fonte de diversão minha.
Por último, aparecem os trava-línguas, que adoro ficar exercitando. São uma boa prática para nossa dicção; num curso de locução que um professor meu faz, eles aparecem para incrementar.
Claro que esse embolador de língua não fui que inventei; muitas pessoas podem até já tê-lo ouvido. Experimente lê-lo rápido. Não é tão fácil assim.
Isso tudo mostra o grande amor que tenho pelas palavras. Adoro brincar com elas, embaralhar suas letras, destrinchá-las, descobrir suas origens, vendo suas partes - não é à toa que estou fazendo curso de latim, além de um de alemão. Por isso adoro códigos, anagramas e tudo relacionado a isso. Sim, e até criei um código meu, baseado em meu número favorito. Não é muito bom para codificar a palavra, mas serve.
Afinal, isso tudo foi provocado ou provocou meu gosto pelo Português, mas também pelo aprendizado de línguas. Assim, novas palavras me aparecem para fazer companhia, não é mesmo? Dessa forma também gosto de ler muito e escrever, e agora vou fazer Comunicação Social na UFRJ; começo em agosto. Tomara que tudo corra bem.
Aqui cheguei, para escrever um blog e me expressar num site. Só assim para falar bem em público, pois, na vida real, a timidez atrapalha. Espero que, depois deste texto, vocês também sintam o gostinho bom das palavras e se interessem cada vez mais por elas. Não há nada melhor.
domingo, fevereiro 19, 2006
Historinha do dia
Dois homens trabalhavam na mesma empresa e tinham salas próximas uma da outra. Jonas nunca fora com a cara de Rogério e só raramente ambos se cumprimentavam.
Jonas, certo dia, resolveu fazer uma brincadeira com o colega de trabalho. Fez com que os dois se encontrassem no corredor da empresa e começou a falar com o outro, com a cara mais limpa do mundo:
- Ontem fui e tinha. Encontrei ninguém que podia ser que não era.
Era apenas uma brincadeira das mais bobas. Jonas acordara aquele dia querendo curtir com a cara de alguém tão sério quanto Rogério. O colega olhou para Jonas com expressão de ponto de interrogação. O piadista já estava pronto para o ataque de raiva.
- Não me diga o que isso quer dizer. Tenho que descobrir sozinho.
- Mas, Rogério...
- Não adianta, sou capaz.
O homem sério se afastou rapidamente, decidido, deixando Jonas boquiaberto.
No dia seguinte, o piadista viu Rogério levar um esporro por ter chegado muito atrasado no trabalho. O submisso estava muito pálido e com grandes olheiras. Acabado o sermão, ele se dirigiu na direção de Jonas, frouxo. Parou em sua frente e falou:
- Eu sou um incapaz mesmo! Por favor, me diga o significado!
Jonas se espantou muito. O homem ainda estava pensando nisso! Mas ele achou que era a situação perfeita.
- Te dizer? Claro que não! Falei aquilo pra todo mundo da empresa e só você não vai entender? Me poupe, né? - e Jonas se retirou, triunfante.
Durante os dias posteriores, Rogério não apareceu em sua sala, nem na empresa tampouco. Jonas não dava a menor importância; o outro não lhe fazia falta. Mas o tempo foi passando e o outro não dava nenhum sinal, ninguém sabia dele.
Até que um dia a notícia se espalhou pela empresa: Rogério estava em casa, em estado terminal. Jonas correu para lá, mesmo não entendendo nada, movido pela curiosidade. Rogério estava rodeado por poucos familiares, com a aparência terrível, deitado em sua cama. Jonas se aproximou, mas foi Rogério que se adiantou, falando debilmente:
- Jonas... estou às portas da morte... Antes que eu vá, preciso que você me explique seus dizeres... Por favor...
Jonas não acreditava em seus ouvidos. Tudo por causa de uma brincadeira. Ele precisava remediar tudo.
- Rogério, você entendeu tudo errado. Meus dizeres não tinham nem pé nem cabeça mesmo. Era só uma brincadeira com você.
- Não, não, Jonas... Eu sei que você quis dizer alguma coisa... Se você não revelar, vou piorar... E você sabe o que acontecerá...
Jonas não tinha escolha. Só havia uma saída: inventar.
- Rogério, eu só quis dizer que tinha ido para a Bienal e, como tinha muita gente, não encontrei ninguém conhecido.
Rogério sorriu, finalmente de posse do conhecimento. Fechou os olhos e, com o sorriso ainda no rosto, morreu serenamente.
sábado, fevereiro 18, 2006
Sem noção
quarta-feira, fevereiro 15, 2006
O futuro desalojado
Pois foi preciso seu provedor não mais existir no Brasil, levando junto com ele seu e-mail e seu blog, para que o garoto resolvesse tomar alguma atitude, a fim de não deixar seus textos desabrigados. Era necessário arrumar outro Antro. E ainda que vocês esperneiem e gritem, não adianta: eu vou ficar por aqui mesmo, agora terão que me aturar.
Se ainda não atentaram para os fatos, estou saindo antecipadamente da AOL Brasil e de seu blog, e migrando para a Oi Internet e para o Blogger. Como não quero perder meus preciosos textos do blog antigo - ainda que os internautas não devam se importar - estarei momentaneamente trazendo-os para cá, aos poucos, é claro, porque ninguém agüenta uma enxurrada diluviana de textos.
E para quem se interesse em ver meu ex-blog, que só existirá até 17/3, aqui vai o site: machado.blog.aol.com.br . Agora vocês terão que conviver com o tenebroso Gabriel Machado!