Sexta à noite na volta do trabalho, estou subindo as escadas
do metrô da Afonso Pena quando me deparo com uma cena inusitada: uma garota
está dançando balé na saída da estação para divulgar uma escola de dança
próxima. Levanta a perna lá no alto, rodopia várias vezes.
Não sei o que dá em mim, mas me sinto como se estivesse em
casa dançando de palhaçada e, mal subo o último degrau, dou um salto e faço uma
pirueta. Na mesma hora a garota estaca, quase se desequilibra, e os outros integrantes
da escola me encaram entre chocados e risonhos com os panfletos nas mãos.
Vendo que estou vestido a caráter para a festa junina que
aconteceu no trabalho, uma menina grita:
– Tá debochando, caipira? Agora vai ter que dançar forró!
Ela me puxa para uma dança e, antes que eu possa impedir,
estamos sacolejando de um lado para outro ao som de uma gaita que surgiu
sabe-se lá de onde. As pessoas que passam aplaudem. Quando me vejo livre, faço
uma reverência e vou embora.
Você deve estar pensando: “Não é possível que o Gabriel fez
isso.”
Nenhum comentário:
Postar um comentário