sábado, junho 30, 2018

E segue o baile

Sexta à noite na volta do trabalho, estou subindo as escadas do metrô da Afonso Pena quando me deparo com uma cena inusitada: uma garota está dançando balé na saída da estação para divulgar uma escola de dança próxima. Levanta a perna lá no alto, rodopia várias vezes.

Não sei o que dá em mim, mas me sinto como se estivesse em casa dançando de palhaçada e, mal subo o último degrau, dou um salto e faço uma pirueta. Na mesma hora a garota estaca, quase se desequilibra, e os outros integrantes da escola me encaram entre chocados e risonhos com os panfletos nas mãos.

Vendo que estou vestido a caráter para a festa junina que aconteceu no trabalho, uma menina grita:
– Tá debochando, caipira? Agora vai ter que dançar forró!

Ela me puxa para uma dança e, antes que eu possa impedir, estamos sacolejando de um lado para outro ao som de uma gaita que surgiu sabe-se lá de onde. As pessoas que passam aplaudem. Quando me vejo livre, faço uma reverência e vou embora.

Você deve estar pensando: “Não é possível que o Gabriel fez isso.”

Pois é, não é mesmo. Isso tudo só foi minha imaginação insana quando vi a menina dançando balé.