segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Palavras

Já estou colocando um novo post por aqui porque viajo amanhã e ficarei um bom tempo sem postar nada (para alegria dos internautas). Este texto foi escrito quando ainda não havia começado a faculdade - agora vou para o 2º período - e ainda fazia o curso de latim, durante minhas férias prolongadas, mas já o tranquei - aliás, o professor citado no texto é o de latim. Já o curso de alemão continuo a todo vapor e vou para o 3º nível. O problema é conciliar as duas atividades e melhorar na faculdade (o que poderá prejudicar as postagens aqui). Veremos...

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"Te faço duas promessas: vou amar-te e vou a Marte."
"A seca luz azul acesa."
"O Tempo perguntou pro Tempo quanto tempo o Tempo tem. O Tempo respondeu pro Tempo que o Tempo tem tanto tempo quanto o tempo que o Tempo tem."
Esses são alguns exemplos de coisas que adoro. A primeira frase, que inventei - como se perde tempo, não? - lida com trocadilhos, expressões de mesmo som reunidas na mesma frase. As pessoas que me conhecem sabem como adoro fazer piadas com trocadilho, o que muita gente já não agüenta mais (já até prevêem o que vou falar). Adoro pegar palavras iguais e com sentidos diferentes e lançar no ar.
Já na segunda, também de minha autoria, encontra-se um palíndromo, palavrão que significa: palavra que lida de frente pra trás e ao contrário são a mesma coisa. Experimente ler a segunda frase de trás para frente, não levando em consideração os espaços e a união originais das letras. Palíndromos existem em diversas línguas e são outra fonte de diversão minha.
Por último, aparecem os trava-línguas, que adoro ficar exercitando. São uma boa prática para nossa dicção; num curso de locução que um professor meu faz, eles aparecem para incrementar.
Claro que esse embolador de língua não fui que inventei; muitas pessoas podem até já tê-lo ouvido. Experimente lê-lo rápido. Não é tão fácil assim.
Isso tudo mostra o grande amor que tenho pelas palavras. Adoro brincar com elas, embaralhar suas letras, destrinchá-las, descobrir suas origens, vendo suas partes - não é à toa que estou fazendo curso de latim, além de um de alemão. Por isso adoro códigos, anagramas e tudo relacionado a isso. Sim, e até criei um código meu, baseado em meu número favorito. Não é muito bom para codificar a palavra, mas serve.
Afinal, isso tudo foi provocado ou provocou meu gosto pelo Português, mas também pelo aprendizado de línguas. Assim, novas palavras me aparecem para fazer companhia, não é mesmo? Dessa forma também gosto de ler muito e escrever, e agora vou fazer Comunicação Social na UFRJ; começo em agosto. Tomara que tudo corra bem.
Aqui cheguei, para escrever um blog e me expressar num site. Só assim para falar bem em público, pois, na vida real, a timidez atrapalha. Espero que, depois deste texto, vocês também sintam o gostinho bom das palavras e se interessem cada vez mais por elas. Não há nada melhor.

domingo, fevereiro 19, 2006

Historinha do dia

Senta que lá vem história!
Dois homens trabalhavam na mesma empresa e tinham salas próximas uma da outra. Jonas nunca fora com a cara de Rogério e só raramente ambos se cumprimentavam.
Jonas, certo dia, resolveu fazer uma brincadeira com o colega de trabalho. Fez com que os dois se encontrassem no corredor da empresa e começou a falar com o outro, com a cara mais limpa do mundo:
- Ontem fui e tinha. Encontrei ninguém que podia ser que não era.
Era apenas uma brincadeira das mais bobas. Jonas acordara aquele dia querendo curtir com a cara de alguém tão sério quanto Rogério. O colega olhou para Jonas com expressão de ponto de interrogação. O piadista já estava pronto para o ataque de raiva.
- Não me diga o que isso quer dizer. Tenho que descobrir sozinho.
- Mas, Rogério...
- Não adianta, sou capaz.
O homem sério se afastou rapidamente, decidido, deixando Jonas boquiaberto.
No dia seguinte, o piadista viu Rogério levar um esporro por ter chegado muito atrasado no trabalho. O submisso estava muito pálido e com grandes olheiras. Acabado o sermão, ele se dirigiu na direção de Jonas, frouxo. Parou em sua frente e falou:
- Eu sou um incapaz mesmo! Por favor, me diga o significado!
Jonas se espantou muito. O homem ainda estava pensando nisso! Mas ele achou que era a situação perfeita.
- Te dizer? Claro que não! Falei aquilo pra todo mundo da empresa e só você não vai entender? Me poupe, né? - e Jonas se retirou, triunfante.
Durante os dias posteriores, Rogério não apareceu em sua sala, nem na empresa tampouco. Jonas não dava a menor importância; o outro não lhe fazia falta. Mas o tempo foi passando e o outro não dava nenhum sinal, ninguém sabia dele.
Até que um dia a notícia se espalhou pela empresa: Rogério estava em casa, em estado terminal. Jonas correu para lá, mesmo não entendendo nada, movido pela curiosidade. Rogério estava rodeado por poucos familiares, com a aparência terrível, deitado em sua cama. Jonas se aproximou, mas foi Rogério que se adiantou, falando debilmente:
- Jonas... estou às portas da morte... Antes que eu vá, preciso que você me explique seus dizeres... Por favor...
Jonas não acreditava em seus ouvidos. Tudo por causa de uma brincadeira. Ele precisava remediar tudo.
- Rogério, você entendeu tudo errado. Meus dizeres não tinham nem pé nem cabeça mesmo. Era só uma brincadeira com você.
- Não, não, Jonas... Eu sei que você quis dizer alguma coisa... Se você não revelar, vou piorar... E você sabe o que acontecerá...
Jonas não tinha escolha. Só havia uma saída: inventar.
- Rogério, eu só quis dizer que tinha ido para a Bienal e, como tinha muita gente, não encontrei ninguém conhecido.
Rogério sorriu, finalmente de posse do conhecimento. Fechou os olhos e, com o sorriso ainda no rosto, morreu serenamente.

sábado, fevereiro 18, 2006

Sem noção

Este texto pode estar meio ultrapassado, pois eu falo de fatos passados como se fossem de agora (a morte de um passarinho ocorrida em 13/5 do ano passado e a Internet discada que eu ainda tinha), mas também há a noção da morte nele, o que me fez postá-lo aqui. Espero que gostem da minha estréia.
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Já vai dar uma semana que, como alguns sabem, Zento morreu. Esse nome estranho é apelido de Cinzento, um dos primeiros mandarins que eu tive. Isso de só mexer nos finais de semana na net acaba atrasando os posts.
Ao contrário de todos os outros mandarins, que não duraram muito e foram substituídos, Zento resistiu por oito anos. Ou até mais. Não que ele estivesse mal, pelo contrário, ele sempre foi forte, alegre, galinha, quer dizer, mandarim. Sempre pensáramos que ele fosse um passarinho imortal, visto que não ficava doente como os outros e não perdia sua energia. Ilusão, é claro.
Quando já estava com a quarta mulher - todas até que duraram muito, mas não tanto quanto ele - a fraqueza veio, ele perdeu alguns dedos e acabamos descobrindo pelo dono de uma loja de passarinhos que o mandarim durava no máximo oito anos. Ficamos preocupados e nossos temores acabaram se confirmando: Zento morreu.
Esse fato acabou me abrindo os olhos para uma coisa que sei ser muito óbvia: todos morrerão (que conclusão incrível, não?). Mas é que nós tendemos a achar que pessoas queridas, amadas, que sempre estiveram junto de nós, continuarão indefinidamente, como imortais. Nos parece que eles não podem sumir do nada.
Mas até que é uma verdade: elas continuarão em nossas lembranças, em imagens, objetos, em nosso coração. Mas não será a mesma coisa, pois essa pessoa levará para a morte também um pedaço da que ficou. E é difícil nos acostumarmos à morte, visto que essa pseudo-imortalidade nos atrapalha. É ruim para nós pensarmos que um dia o outro partirá e, assim, é melhor que a ilusão nos acompanhe, até o momento em que algum obstáculo na vida nos traga à realidade e à dor.
Não sei se estou sendo realista ou não, pois não tenho experiência nesse assunto. Felizmente, nunca perdi uma pessoa íntima, querida, um humano, o que é diferente de um animal de estimação, ainda que haja o afeto; um humano é um igual e pode te acompanhar em momentos diversos. Mas ainda assim tenho que prestar mais atenção às pessoas que me rodeiam e me querem bem, para ver se estou fazendo tudo certo em relação a elas, antes que eu não possa fazer mais nada.
Dessa forma, acho que é devido ao meu desconhecimento da situação que tenho uma curiosidade. Sim, uma curiosidade pela morte. Pode ser mórbido, mas me interessa saber o que acontecerá comigo quando eu sair da vida. Será que acontecerá alguma dessas coisas que as pessoas falam acontecer ou algo totalmente diferente? Mas não se preocupem vocês. Não é por causa dessa curiosidade que eu iria ter tendências suicidas. Não chego a tal ponto.
Para que chegar logo nesse momento? Ainda tenho muito o que fazer aqui nesse mundo, muitos planos, além do que a morte acaba sendo um sofrimento para alguém. O suicida pode ser um egoísta.
A vida continua e tudo acontecerá a seu tempo. E eu vou aqui escrevendo no meu blog.

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

O futuro desalojado

É, parece que o destino resolveu agir por conta própria e apressar os fatos. Envolvido nessa situação dramática, está um garoto, que, depois de muito enrolar para criar um blog, o fez num "hospedeiro local", mas que acabou não durando o esperado. Mas, enfim, o menino já estava mesmo querendo sair daquele blog e ir para um melhor, menos problemático, porém, como é de seu jeito, ainda postergava o acontecimento.
Pois foi preciso seu provedor não mais existir no Brasil, levando junto com ele seu e-mail e seu blog, para que o garoto resolvesse tomar alguma atitude, a fim de não deixar seus textos desabrigados. Era necessário arrumar outro Antro. E ainda que vocês esperneiem e gritem, não adianta: eu vou ficar por aqui mesmo, agora terão que me aturar.
Se ainda não atentaram para os fatos, estou saindo antecipadamente da AOL Brasil e de seu blog, e migrando para a Oi Internet e para o Blogger. Como não quero perder meus preciosos textos do blog antigo - ainda que os internautas não devam se importar - estarei momentaneamente trazendo-os para cá, aos poucos, é claro, porque ninguém agüenta uma enxurrada diluviana de textos.
E para quem se interesse em ver meu ex-blog, que só existirá até 17/3, aqui vai o site: machado.blog.aol.com.br . Agora vocês terão que conviver com o tenebroso Gabriel Machado!