domingo, abril 26, 2009

Ela

“Ela é bonita”, pensei, na terceira vez que a vi. Por que terceira? Não sei, das outras vezes não prestei muita atenção. Mas ali, em meio a um jogo na casa de uma amiga, olhei melhor.

E, desde então, do meu jeito, sempre tentava estar ali próximo e me tornei amigo. Mas, como sempre, só amigo mesmo; uma sina. A vantagem é que, regularmente, três vezes por semana eu a encontrava, em grupos da Igreja. Não adiantava.

Mandei depoimento pelo Orkut, demonstrando meu amor... “uma garota que conquista qualquer um, com seu jeitinho fofo e doce”. Ela gostou muito, ela sabia que eu tinha interesse, porém eu não fazia mais nada... Não vai dar em nada mesmo mais uma vez...

Os meses se passavam. Surgiu um acampamento, um retiro católico. Eu fiquei com muita vontade de ir, ainda mais que lá ela iria. Mas acabei trocando o preço e achei que não teria dinheiro. E desisti. Mas ela foi e, quando soube do erro, me arrependi.

Ela voltou pulando de alegria junto com nossos amigos, falando que era maravilhoso. Ah, no próximo eu ia, só que tinha perdido a grande oportunidade... Pois cada um apenas podia fazer uma vez.

Mais tempo se passou e lá estávamos nós em viagem: rumo a São Paulo, para ver o Papa, junto com muitos outros jovens. Mas por que eu estou contando isso? Todos já sabem que sou devagar e que aquilo tudo mais parecia casamento, de tanto “arroz de festa”. Então será que ia dar casamento?

Mês após mês, mês após mês... até que se aproximava novamente o tal acampamento. Agora eu não podia deixar de fazer. Sem ela, mas também não queria dar muita bola mais, já estava chateado.

Missa de Santa Teresinha na paróquia dela. Estava lotado. Encontrei uma amiga da faculdade. Fui junto com a menina para a frente da igreja e passei direto por ela. Hora da Paz de Cristo. Ah, vou lá dar a Paz! Deixei rapidamente a menina e ela já estava lá com seu grande sorriso, marca característica dela.

“É uma garota linda, sempre com seu sorriso que ilumina qualquer lugar para onde vá, que irradia ânimo e alegria para as pessoas ao redor.” Outra frase do depoimento do Orkut, que não pude deixar de enviar para ela de novo, no dia seguinte. “Amo seu sorriso!”

O retiro estava próximo e uma menina da igreja, que nem conhecia direito, se ofereceu para emprestar um saco de dormir – estaria muito frio e eu ia precisar. A menina levou-o num evento onde eu e ela estávamos e depois, durante o lanche, ficamos conversando. Porém, ela entrou no meio da conversa e ficou sozinha conversando com a menina. Depois com o tempo se percebem as coisas.

Chegou o tão esperado dia: dia de viajar para o acampamento. Cinco dias fora. Retiro realmente maravilhoso, de união, oração, amor. Ali me desliguei do mundo. Mas um dos ótimos momentos do acampamento aconteceu: em meio à forte escuridão, no meio do mato, os coordenadores falavam de forma impressionante: “Imagine que você fosse morrer agora. Pense em cinco minutos: O que você faria antes de ir embora?” No meio do turbilhão de diversos pensamentos, veio à minha cabeça: dizer a ela que a amo. Sim, nunca tinha dito isso diretamente.

O retiro foi se seguindo, até o último dia, de grande comoção, com o Espírito Santo agindo. Dia de se despedir do acampamento. No ônibus, um dos coordenadores veio fazer uma pesquisa sobre se eu indicaria alguém para o retiro. “A namorada, não?” “Não tenho.”

Ele voltou para seu lugar. Porém, resolveu me chamar para seu lado no ônibus.

- Eu não podia deixar de falar com você, não podia ficar guardado comigo. Sabe por que eu te fiz aquelas perguntas, perguntei se você tinha namorada? Durante o momento do Espírito Santo, quando estava impondo minhas mãos sobre você, Deus me falou que a sua namorada estava chegando.

Fui surpreendido.

- Isso quer dizer alguma coisa pra você?

- Não. – eu já havia perdido as esperanças e até estava um pouco irritado com isso.

Voltei para meu lugar, sem entender direito. Mas, ao mesmo tempo, também inconscientemente motivado para falar com ela.

Liguei no dia seguinte e falei bastante. Falei dos 5 minutos, que foram o único momento que lembrei de verdade dela. Ela ficou meio desapontada. Liguei no outro dia. “Posso ir aí?” Me arrumei todo. Dei um forte abraço nela. Falei, falei, falei. Nada de mais. Que droga, não consigo! Mais um telefonema, no dia seguinte. Tentei expressar o que estava guardado... não de forma satisfatória. Deprimente.

No domingo próximo, seria o churrasco pós-acampamento. Comentei com ela e ela falou que queria ir, mas tinha vergonha de chegar sozinha. Será? Pedi algumas orientações e fui buscá-la no dia. O caminho até o churrasco já estava traçado estrategicamente.

“Queria falar uma coisa com você. Vamos sentar aqui?” Era um banco de concreto, numa pracinha tranquila. Ela pareceu nervosa. Falei o que estava preso há meses. E foi o primeiro beijo.

Não começamos logo a namorar. Mas, dentro de pouco tempo, “minha namorada chegou”. Depois de 10 meses.

E hoje estou junto com ela, e cada dia mais com a certeza de que Deus está do nosso lado, e nada nem ninguém no mundo vai nos separar.

Não disse que dava casamento?